quarta-feira, 26 de setembro de 2018

CANCRO DA MAMA - UM ANO E UM MÊS DEPOIS DE ACABADA A QUIMIOTERAPIA...



2017

Cabelos soltos ao vento, pequenos prazeres que um dia nos podem ser tirados pelos químicos que nos salvam de uma situação difícil. Cabelos que breve, breve voltam a encher-nos a alma com o seu toque suave. Cabelos que voltam a libertar-se lembrando-nos de que os maus ventos já passaram...




2017

Poucos dias depois de iniciada a Quimioterapia, esvaiu-se a esperança de que não chegassem a cair os cabelos. Cada vez mais fracos e sem vida, começaram a cair aos punhados. Pouco mais havia a fazer, para além de aceitar a situação.

Tiveram que ser rapados. Mesmo assim as pequeninas pontas que ficaram soltavam-se com o simples esfregar da toalha sempre que lavava a cabeça.

Só meses depois voltariam a crescer... Só depois de um tempo de terminada a última sessão de Quimioterapia. Fez Setembro um ano. 



2017

Mas cresceram...
E, hoje, já emolduram de novo o rosto.
Já me afagam suavemente a testa e a cara ao sabor do vento...



2018

As sobrancelhas ainda não fecharam. Ainda tenho que recorrer à sua pintura com um lápis. Mas tenho os meus cabelos de volta; as análises estão óptimas, com valores normais tal como se desejaria; e só daqui a três meses terei de voltar a fazer exames para ver se tudo continua bem...

O doce afagar da nossa cara e pescoço pelos nossos próprios cabelos voltou a ser para mim um prazer reencontrado com a esperança de tudo estar ultrapassado.

Tenho agora uma amiga que está a iniciar todo este processo. Que a visão dos cabelos de quem já passou por isso possa ser um incentivo para vencer esta fase da vida com esperança e coragem.

Hoje, ao falar sobre o assunto, perguntaram-me: "O que sentiu na altura?  Deve ser horrível ver-se sem os cabelos!..." Mas não foi. Acabamos por nos habituar e torna-se uma coisa normal. A única coisa que queremos é chegar aos dias de hoje, como o de hoje foi para mim, em que nos asseguraram que tudo está ultrapassado e que, se não houver uma recidiva, estamos livres para sempre deste mal... Cada caso é diferente. Há situações bem mais graves que outras, mas todas têm em comum a necessidade de apoio daqueles que nos rodeiam. E é essa a mensagem que aqui quero deixar.





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