quinta-feira, 10 de maio de 2018

CANCRO DA MAMA - A CABELEIRA NOVA E OS TURBANTES



Pearl Buck


"Muitas pessoas perdem as pequenas alegrias enquanto aguardam a grande felicidade" - Dizia Pearl Buck, uma das minhas escritoras preferidas de sempre.

DIA UM: Muitas vezes, esqueço-me de saborear bem as pequenas alegrias mas, sinceramente não quero fazer parte daquele grupo. Sobretudo daqui para a frente... Hoje, vou rapar o cabelo mas, em troca, vamos buscar a cabeleira e um dos turbantes que mandei fazer. Estou ansiosa por os experimentar, estava a ser um pouco deprimente ver o cabelo cair às madeixas. Assim, fica logo resolvido... Daqui a uns meses voltarei a ter o meu cabelo de volta. Para já, tenho que pensar em ultrapassar a doença como o principal objectivo. E um ciclo de tratamentos já passou sem grandes percalços. Só por isso, já me devo dar por feliz.




Pusémo-nos a caminho. Rapa ou não rapa? "Quer deixar para mais tarde? Em qualquer altura fazemos isso. Agora que cá temos a cabeleira, é rápido..." "Não fica já decidido. É uma situação inevitável e custa-me ver-me a descabelar às mãos cheias lentamente..." A máquina começou a cortar. De metade da cabeça pendiam os cabelos que restavam, do outro ia aparecendo um couro cabeludo desprovido de cabelos que, desde bebé, não via o Sol. Mas ainda tinha a cabeleira para ajustar. Desbasta um pouco daqui, corta mais um pouco dali e fez-se o possível por a ajustar ao meu rosto. Talvez devesse ter esperado pela minha cabeleireira, está mais calhada com o meu jeito. O corte só se pode fazer uma vez. E este cabelo não cresce mais...


A cabeleira não é o meu cabelo. Talvez não corresponda no todo às minhas expectativas, mas é um cabelo que esconde de olhares curiosos uma cabeça que irá ficar calva durante bastante tempo. Não é difícil de colocar, até que é confortável e,  sobretudo, muito prática contra os meus receios iniciais.





Quanto ao turbante também não emoldura um rosto como o nosso cabelo. Falta-lhe volume, mas se se escolherem umas cores e padrões que vão bem com a roupa, são confortáveis para estar em casa e até mesmo para sair à rua, ir à praia...

Embora não faça muito o meu género, uns chapéus e uns lenços enrolados em jeito de turbante, também serão uma boa alternativa... É uma questão de nos habituarmos. Depois é só por um tempo e, quando dermos por isso, já passou.

DIA DOIS: Um pequeno segredo: soube-me tão bem lavar a cabeça na manhã seguinte no duche. Nada de toucas ou de atilhos para segurar o cabelo e não o molhar... apenas o gel de banho e a água a correr do chuveiro da parede sobre o corpo e agora a cabeça também... Será também esta uma das pequenas alegrias da vida que podemos aproveitar?!... É isso, apesar de tudo, o dia começou bem. Seguimos para a segunda sessão de Quimioterapia, agora o "ice-cap" já não fazia falta. Não no meu caso, mas tentou-se.

DIA TRÊS: Ainda não estou completamente satisfeita com a solução encontrada quanto ao turbante. Fui consultar a NET, ver o que podia encontrar no Instituto Natacha ou no Espaço Saúde e Beleza Minabel em Lisboa, duas casas de artigos da especialidade que me agradaram pelas imagens que vi... Os artigos estão disponíveis para entrega imediata, contrariamente ao local onde fomos comprar a cabeleira em que todos os artigos são encomendados por catálogo, o que certamente fará a diferença.

  




DIA QUATRO: Fomos ao Instituto Natasha. As instalações não corresponderam ao previsto, mas fomos bem atendidos e encontrámos algumas soluções de turbantes. Pelo menos ficámos com algumas ideias e, agora, falta encontrar padrões engraçados. A procura ainda não acabou. Mas já fiquei prevenida para os próximos tempos. Até um chapéu de aba larga com um lenço pode ser uma solução.


Depois do desconsolo inicial quando o cabelo começou a cair e de um certo desnorteamento, isto é uma lufada de ar fresco. Sempre há alternativas que estão ao nosso dispor neste mundo que agora é o nosso, apesar de temporário...  





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