Cabelos soltos ao vento.
As pestanas e as sobrancelhas a darem forma ao rosto.
Mas eis que a Quimioterapia é necessária...
Fez um ano comecei com a Quimioterapia. Foi um processo longo e com alguns momentos de maior desalento. Mas tudo foi superado e minimizado pelo apoio de quem me rodeia. Na primeira sessão, usei o "ice-cap" que acabou por não resultar... O cabelo caiu na mesma. Caía às mãos cheias. Só havia uma solução: rapá-lo.
Turbantes e cabeleiras são uma solução que ajuda a resolver o problema da perda do cabelo de uma forma muito razoável. As pestanas também caíram, mas as sobrancelhas mantiveram-se até ao fim dos tratamentos. Até que, já com o cabelo e as pestanas a crescer de novo, as sobrancelhas caiem completamente.
Passado um ano também as sobrancelhas começam a crescer embora de forma pouco alinhada mas, nesta altura, descobri a magia da maquilhagem. Um simples risco que, por mal jeitosas que sejamos, nos ajuda a emoldurar o rosto. É como se fosse um verdadeiro passe de mágica.
Passado um ano também as sobrancelhas começam a crescer embora de forma pouco alinhada mas, nesta altura, descobri a magia da maquilhagem. Um simples risco que, por mal jeitosas que sejamos, nos ajuda a emoldurar o rosto. É como se fosse um verdadeiro passe de mágica.
Agora, que tenho o meu cabelo de volta bem como as pestanas, embora pequeninas, posso também desenhar as sobrancelhas e pouco ou nada se nota que não as tenho.
Hoje, que tudo parece ultrapassado, resolvi dar a cara para que seja mais um testemunho no meio de tantos de como podemos enfrentar esta doença duma forma menos dolorosa se tivermos quem nos apoie e a possibilidade de recorrer a pequenos truques como é o caso de um pincel e de um lápis...
São pequenos nadas que misturados com o apoio de quem está connosco fazem toda a diferença e nos enchem de coragem para vencer esta e outras batalhas!
Porque me expor desta maneira ao longo de todo um processo que se foi desenrolando ao passar por uma experiência destas? Porque foi o exemplo e o testemunho de outras mulheres que me ajudou a enfrentar com mais tranquilidade cada etapa que ia surgindo... Sabia de antemão aquilo que me esperava e podia preparar-me melhor para o aceitar e viver com a menor ansiedade possível e sem medo do desconhecido...
Sei que poderei não estar livre de uma recidiva, mas cheguei ao fim deste percurso com uma sensação de alívio e de dar mais valor ao que realmente interessa... Sem dúvida de que o aspecto físico também é importante mas, acima de tudo, está o combate atempado ao cancro da mama e a convicção de que se formos fazendo o controlo da situação dificilmente podemos ser apanhadas de surpresa novamente. Então, aquilo por que se passou como consequência da Cirurgia, da Quimioterapia e da Radioterapia, valeu a pena apesar de todo o sofrimento físico e/ou incómodo por elas provocado... No final, tudo vai voltando ao normal e ultrapassamos esta pedra que o destino nos colocou no caminho!
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